Autonomia da Consciência


Partindo do pressuposto que “o homem é fruto do meio” temos certeza que seu comportamento interior, é fruto da convivência com seus iguais, seu meio social. Por isso é que nem todos são iguais. Para uns levar vantagem sobre o outro é esperteza, vivacidade, ao passo que para outros é um comportamento inaceitável, passivo de uma reprimenda severa.

No entanto, esses comportamentos surgem em virtude da autonomia da consciência de cada um, que por sua vez é formada em função do ambiente ou da educação recebida em casa, que por sua vez decorre da religião ou do costume.
Trazendo essa premissa em auxílio para formação de mediadores e conciliadores, que na verdade têm como base o costume (princípios familiares) podemos entender o porquê, não existe nesses métodos padronização na resolução de conflitos.
Cada mediador/conciliador age de acordo com sua consciência que é autônoma em relação ao fato.

Quando comecei a falar em conciliação negativa fui até criticado, mas depois de tanto pesquisar, pude concluir que o que de fato pesa na função de conciliador/mediador é a própria autonomia da consciência que faz com que ela tenha vida própria, ou seja, ela rege o comportamento, em qualquer situação.

Apropriando de um exemplo dado pelo filósofo Michael Sandel, em seu livro “Justiça” temos a seguinte situação: “uma pessoa passava sobre uma ponte e verificou que dois trens vinham em velocidade pelo mesmo trilho, em sentido contrário, por certo em virtude de algum erro cometido no entroncamento , de forma que a colisão se daria dentro de alguns minutos. Essa pessoa aflita com que iria acontecer, avistou um pouco mais a frente uma pessoa sobre o peitoril da ponte trocando uma lâmpada no poste. Então o transeunte pensou “se eu empurrar o homem da ponte, ele cairá sobre os trilhos o que fará com que os trens diminuam a velocidade ou até consigam parar evitando assim a colisão”. Mas no mesmo momento lembrou-se dos ensinamentos recebidos em casa no sentido que não lhe era permitido tirar a vida de quem quer que fosse. Então ele deixa no ar a seguinte indagação: 

Se fosse você, o que faria?

O exemplo irá propiciar um número grande e variado de respostas. Mas, na verdade o que irá prevalecer será, sem dúvida alguma, a autonomia da consciência, pois seja qual for a decisão tomada estará de acordo com ela.

Clóvis Maluf - Advogado

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